Confira as mesas temáticas do XII EPHIS

MESA DE ABERTURA – “Encruzilhadas historiográficas na educação” – Terça feira (15/10) às 19h.

Pensar os povos tradicionais de matriz africana, indígenas ou quilombolas além das epistemologias consolidadas é um exercício desafiador. Exu, senhor das encruzilhadas, nos apresenta uma nova forma de aproximar as metodologias da história e os saberes tradicionais, promovendo novas maneiras de compreender e mobilizar o passado.

A 12ª edição do EPHIS adota a “Encruzilhada” como palavra-chave, evocando o encontro entre diferentes saberes e trajetórias. Pensando nisso, a mesa de abertura abordará a educação e o ensino de história, e acontecerá no Dia dos Professores como uma escolha de realocar esses temas para o centro dos debates. 

Enfrentar as encruzilhadas no ensino de história é reconhecer o saber histórico como plural e dinâmico, valorizando o encontro com tradições indígenas, quilombolas e afro-brasileiras. Neste Dia dos Professores, celebramos aqueles que escolhem transformar o mundo pelo diálogo e pela construção coletiva de conhecimento, expandindo a educação além do espaço universitário.

A partir dessa perspectiva, com muita alegria, convidamos os professores Gersem Baniwa (UnB) e Pai Ricardo (UFMG) para compor a mesa de abertura, com mediação da professora Juliana Filgueiras (UFMG). Gersem Baniwa é indígena do povo Baniwa, de São Gabriel da Cachoeira (AM). É graduado em Filosofia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), mestre e doutor em Antropologia Social pela Universidade de Brasília (UnB)  e professor associado no Departamento de Antropologia da UnB. Durante sua trajetória, se dedicou à área de Educação e Política Educacional, com ênfase em educação escolar indígena, movimento indígena, direitos indígenas e educação e diversidade. 

Pai Ricardo de Moura é coordenador da Associação de Resistência Cultural Afro-brasileira Casa de Caridade Pai Jacob do Oriente (CCPJO). É mestre professor da Formação Transversal em Saberes Tradicionais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), rei Congo da Guarda de São Jorge de Nossa Senhora do Rosário e representante da Umbanda no Conselho Municipal da Promoção da Igualdade Racial (COMPIR). Ao longo de sua vida, se dedicou ao ensino da cultura e história afro-brasileira através das atividades de tradição de raiz banto na Associação.  

Juliana Filgueiras é graduada em História pela Universidade de São Paulo (USP), possui mestrado e doutorado em História da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e pós-doutorado em História pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). É professora adjunta da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e se dedica a pesquisas nas áreas de História da Educação e Ensino de História, perpassando por temas como história da escola, dos saberes escolares e do livro didático.

Anotem a data! A mesa ocorrerá no dia 15/10, às 19 horas, no Auditório Carangola da FAFICH/UFMG.

MESA TEMÁTICA 2 – “60 anos de 64: o sexagenário do golpe militar pelos caminhos da historiografia”Quarta feira (16/10) às 19h.

Passados 60 anos, o que nos resta esperar das discussões historiográficas acerca do Golpe de 64? Quais as reverberações políticas, sociais, econômicas e culturais desse momento e como elas integram-se a nossa realidade atual? Como um período sombrio, é imprescindível deixar cair no esquecimento as lutas, as dores e as supressões protagonizadas por sujeitos humanos no decurso do período da Ditadura. Procura-se, portanto, retomar o Golpe à luz de novas cronologias de tal modo a abrir espaço para se encarar temas sensíveis, dissensos e com incômodos ainda patentes em nossa comunidade. Na contramão de se considerar o Golpe de 64 como algo isolado e retido apenas no passado, urge uma necessidade de se tensionar as sutilezas e complexidades que se vinculam a esse período.

Para tanto, com muita alegria, convidamos três historiadores para dar conta de abarcar essa temática tão singela e ampla, evidenciando perspectivas relativas ao Golpe de 64 e suas reverberações:

Miriam Hermeto, doutora em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e, atualmente, professora associada do Departamento de História e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em História da FAFICH/UFMG. Além de coordenadora do Laboratório de História do Tempo Presente (LHTP), a professora atua nas áreas de História do Brasil República e Ensino de História, com abordagens de história pública e história oral.

Bruno Vinicius Leite de Morais, é doutor em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pesquisador do Laboratório de História do Tempo Presente (LHTP), com atuação na área de História, com ênfase em História política, história e cultura afro-brasileiras, música popular brasileira no século XX, história contemporânea, identidade negra e Ditadura militar brasileira.

André Kaysel Velasco e Cruz, professor Doutor do Departamento de Ciência Política da Unicamp, o qual atua principalmente com temas voltados para o pensamento político brasileiro, o pensamento político latino-americano, marxismo, nacionalismo, populismo e conservadorismo.

Anotem a data! A mesa ocorrerá no dia 16/10, às 19 horas, no Auditório Carangola da FAFICH/UFMG.

MESA TEMÁTICA 3 – “Ecos do Passado, Problemas do Presente: Reverberações Coloniais”Quinta feira (17/10) às 19h.

Um dos conceitos norteadores desta nossa edição dos EPHIS é de pensar caminhos para a história e o fazer historiográfico de nosso tempo. Nesse sentido, ao olharmos para nosso tempo, vemos como extratos de tempos já passados ainda reverberam em nosso tempo e nos fazem questionar se o passado, na verdade, não é presente.

Por isso, a mesa “Ecos do Passado, Problemas do Presente: Reverberações Coloniais” tem como seu intuito analisar os problemas deixados pelas experiências coloniais e imperiais em nosso tempo. No continente africano, podemos questionar se as independências dos novos Estados Africanos encerraram com a colonização, ou se o imperialismo europeu manteve seus tentáculos ainda no continente. Por outro lado, o próprio continente europeu vive com a Guerra Russo-Ucraniana, fruto dos revanchismos deixados pelos interesses hegemônicos das superpotências da Guerra Fria. Já no Oriente Médio, vemos em curso um genocídio palestino perpetrado or Israel, um Estado que surge como ocupação colonial, desrespeitando o direito e a soberania dos povos árabes e palestinos que habitam a região.

Colocando questões ao nosso fazer historiográfico e obrigando a pensar a função social do historiador perante esses ecos de uma violência do passado e presente, a mesa temática será composta pelos seguintes integrantes: 

Alexandre Almeida Marcussi é professor de História da África na USP e  coordenador  no grupo de pesquisa “Itinerâncias: a circulação de atores e saberes e os poderes e resistências em África” (CNPq-UFMG/USP). Alguns temas relevantes em sua produção acadêmica incluem Pensamento Social Africano, Religiões Afro-Brasileiras, História de Angola e História do Brasil Colonial.

Barbara Caramuru Teles é professora substituta no Departamento de Antropologia da UFPR e realizada pesquisa pós-doutoral na mesma instituição. Desde o mestrado pesquisou a “questão palestina” nos temas de imigração e de refugiados.

Filipe Nobre Figueiredo é colunista no Estadão e professor de história no curso preparatório para a carreira diplomática, Sapientia. Também atua como podcaster no Xadrez Verbal, trazendo as notícias diárias da política internacional, e faz parte do canal “Nerdologia”  no YouTube. 

Anotem a data! A mesa ocorrerá no dia 17/10, às 19 horas, no Auditório Carangola da FAFICH/UFMG.

MESA DE ENCERRAMENTO – “ Potencialidades e Limites da História Ambiental” – Sexta feira (18/10) às 19h

É bem sabido que por muito tempo a concepção de História passou necessariamente pela a ação humana, ao ponto de Lucien Febvre compará-la ao próprio homem e Marc Bloch tecer sua famosa analogia de que história é tudo aquilo que cheira a carne humana. A partir da década de 1970, no entanto, a crise global demandou a existência de um campo que surgiu como uma espécie de objetivo moral amparado em compromissos políticos, que viria a se tornar um empreendimento acadêmico. Assim surgiu a História Ambiental, fundamentada por autores como Donald Worster nos Estados Unidos, ganhando espaço nas discussões emergentes sobre problemas globais. A história não é mais só o homem, é tudo mais, diria nosso convidado José Augusto Pádua, e a História Ambiental, criatura da globalização, nos impele a uma reflexão dos problemas presentes no olhar histórico.

Decerto, a ação humana produz impactos sobre o mundo natural, mas a revolução dos marcos cronológicos de compreensão do mundo – a saber, o antropoceno –, fez imperativa uma nova visão de natureza como história. E não podemos ficar alheios na medida em que a própria experiência social depende de uma produção de conhecimento sobre esse mundo natural, uma preocupação que de forma alguma é recente – vide viajantes naturalistas do século XIX e mesmo intelectuais dos séculos anteriores. Exatamente por isso, a História Ambiental não está relacionada apenas às transformações urbano-industriais, tema de que se ocupa nosso convidado Yuri Mello Mesquita, mas também aos processos macro históricos que lhe são anteriores. Ou seja, não restrita ao vocabulário do ambientalismo contemporâneo, sobre o qual pode nos falar melhor a nossa convidada Regina Helena Alves da Silva.

Daí derivam problemas interessantes e igualmente atuais, a exemplo do processo de pilhagem dos ambientes naturais coloniais para acumulação primitiva de capital, traço fundamental da nossa formação histórica – e que continua a acontecer em áreas mineradoras tão próximas de nós. O que nos leva a perceber que dados trabalhados pela História Ambiental sempre estiveram presentes, mas estão sendo reorganizados diante das experiências recentes, especialmente das emergências climáticas. A História Ambiental nasce, portanto, das encruzilhadas epistemológicas ressaltadas pelo tema do XII EPHIS, onde buscamos ampliar debates que, embora realizados na academia, esse espaço propício e agregador, pretendem-se muito mais amplos porque dizem respeito à nossa realidade vivida.

Como ressalta Bruno Latour, há uma perigosa dissociação entre cultura e natureza que precisa ser superada, para que possamos admitir que há forças diferentes agindo no mundo, e nem todas elas são humanas. Só assim nos aproximamos do problema central dessa nossa discussão, qual seja, o de identificar o lugar da natureza na vida humana. Mas para isso, apresento nossa convidada e convidados.

Regina Helena Alves da Silva possui graduação em Ciências Sociais e História e mestrado em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais, e doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo. É professora associada da Universidade Federal de Minas Gerais e atua nos programas de pós-graduação em História e em Comunicação Social. Tem experiência na área de história social da cultura, com pesquisas em culturas urbanas, história das cidades e urbanismo, e cartografias urbanas.

Yuri Mello Mesquita possui graduação, mestrado e doutorado em História pela Universidade Federal de Minas Gerais. É Coordenador da especialização lato sensu em Conservação e Gestão do Patrimônio Cultural da PUC Minas e Diretor do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte. Possui experiência na área de história ambiental urbana e história das cidades, com foco em Belo Horizonte, com pesquisas em saneamento básico, recursos hídricos e urbanização.

José Augusto Pádua possui graduação em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, mestrado e doutorado em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro – IUPERJ. É professor associado da Universidade Federal do Rio de Janeiro e vice-presidente da Sociedade Latinoamericana e Caribenha de História Ambiental. Tem experiência na área História Ambiental, atuando principalmente nos seguintes temas: história territorial, história regional, história das florestas e agroecossistemas, história da ciência, história das ideias sobre a natureza e história das políticas ambientais.

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